(Avaliação) Jeep Commander Longitude 2025 é a resposta luxuosa e recheada aos chineses

Lá pelos idos de 2022, na avaliação do Commander Limited flex, que era a versão de entrada do SUV na época, uma coisa ficou clara: ele, definitivamente, não parecia o mais barato da linha, tamanha a oferta de equipamentos de série, tecnologias, luxos e requintes construtivos. Sem falar que tinha um preço interessante para a categoria, de cerca de R$215 mil. Bons tempos. De lá pra cá, encareceu mais de R$25 mil, mas, em contrapartida, hoje divide espaço com uma versão mais em conta, a Longitude. 

A Longitude, hoje, se aproxima dos preços da Limited em 2022: R$217 mil básica (Foto: Lucca Mendonça)

Por pouco mais de R$217 mil (ou 226 se for adicionada a terceira fileira de bancos, caso do carro das fotos), o Commander Longitude ainda é um carro completão, porém aposta na simplicidade estética: tem rodas prateadas simples, menos cromados pela carroceria e nenhum, nenhum mesmo, emblema na tampa traseira que o identifique. Além de garantir que seu preço básico não vá lá para as alturas, essa versão “básica” combate a concorrência feroz, a exemplo do Caoa-Chery Tiggo 8, que andou recebendo uns belos descontos e hoje sai por R$179.990. 

Apesar de até ter recebido o apelido de “pé-de-boi” durante os dias de teste, esse Jeep de sete lugares ainda faz valer o nome de SUV caro: tem toda a iluminação em LED, painel de instrumentos digital, multimídia grande com navegador GPS integrado, bancos em couro com ajustes elétricos para o motorista, tampa do porta-malas com abertura/fechamento elétricos, pacote ADAS com vários assistentes de condução, ar-condicionado automático dual zone, saídas de ar traseiras com controle de intensidade, e até sistema de som assinado pela Harman Kardon. A unidade cinza das fotos, ano 2023, não traz alguns desses itens, mas o carro encontrado 0 km nas lojas, sim.  

Não há revoluções mecânicas: sob o capô vai o moderno 1.3 turboflex, de quatro cilindros e injeção direta, mesmo das Fiat Toro, Jeep Renegade e Compass mais novos, que aqui trabalha na medida certa, sem muita sobra, nem falta de força, principalmente com o carro cheio. O GSE T4, nome oficial desse motor turbo, tem uma das maiores potências específicas do mercado brasileiro: são 180/185 cv (gasolina/etanol), ou quase 140 cv/litro! O torque também é abundante, 27,5 mkgf, em baixas rotações, e quem lida com essa força é a transmissão automática de seis marchas.  

Mesmo nessa versão de entrada, o Commander não é leve. Pesa quase 1.700 kg vazio. Por isso, é nele que o motor 1.3 turbo trabalha nos maiores regimes de rotação, e com maior demanda. É fácil notar, por exemplo, uma recalibração da transmissão, que estica mais as marchas nele do que num Compass, por exemplo: normalmente, a faixa de troca é ao redor dos 2.500 rpm, mas, com o carro carregado, é comum vê-la “esticando” até próximo dos 3.500 rpm, sempre com reduções e passagens rápidas, o que também ajuda muito a driblar o porte e peso extras do carro.  

Quando está com os sete a bordo, especialmente na estrada, o Commander Longitude não sofre tanto para embalar ou retomar velocidade, porém caem bem alguns recursos como o modo Sport, que torna o acelerador mais sensível e a transmissão automática ágil, e as trocas de marchas manuais, para pedir uma redução no momento certo. Não tem os mais de 38 quilos de torque do turbodiesel, porém dá conta do recado, tanto que não demora mais que 10,5 segundos na prova de 0 a 100 km/h nas melhores situações com gasolina, segundo a Jeep. Para efeito de comparação, menos tempo que leva um antigo Compass 2.0 flex. 

Do segmento, o Commander é campeão na relação cv X litro do motor: apesar do alto peso, consegue ser mais rápido que um antigo Compass 2.0 flex (Foto: Lucca Mendonça)

O indicado é que ele seja abastecido com gasolina, principalmente nas viagens mais longas: além de garantir maior alcance, ou seja, menos paradas nos postos, o motor GSE T4 mantém o bom torque (porém, com uma curva diferente) e consegue médias melhores no consumo quando bebe o combustível fóssil. No caso do carro avaliado, foi possível chegar a 14,4 km/l na estrada que, em tese, lhe permitem rodar cerca de 880 km com um tanque. Na cidade, as marcas ficaram sempre entre 8 e 9 km/h com motorista e um passageiro a bordo. No caso do carro lotado, foram 6,2 km/l. SUV, pesado, e com um motor que já tem fama de beberrão até em modelos menores, não podia ser diferente. 

No dia a dia, o Commander é um carro que agrada. Apesar de “esticado” no comprimento, não é tão alto nem largo, o que facilita a entrada em alguns locais mais apertados. Também não causa problemas nas manobras, até porque seu raio de giro é bom como o de outros SUVs menores. As rodas esterçam mais que as do Compass, compensando os centímetros extras. Molas e amortecedores são macios e transmitem bastante robustez ao passar rápido pela buraqueira, lombadas e valetas.  

Molas, amortecedores, direção e freios preparados para o peso, porte e carga maior do Commander: é um carro bem acertado (Foto: Lucca Mendonça)

O curso do conjunto de suspensões não é tão grande quanto o das versões turbodiesel, mas ainda é bastante generoso para o uso urbano, e conta com a moderna concepção independente nas quatro rodas com eixo traseiro fixado por vários braços, permitindo melhor articulação: ajuda no conforto e na estabilidade. Como de praxe nos carros da Jeep, há uma direção elétrica mais pesada, assim como os pedais, para transmitir uma sensação de solidez e resistência. Elogiável é o acabamento interno, tão bom quanto o das versões, com materiais de primeira e montagem fina das peças, que acompanham o nível elevado de isolamento acústico. 

Não há o que reclamar do espaço interno, mesmo com sete a bordo: apesar dos bancos em posição elevada e ergonomia similar à de outros Jeep, o teto da cabine fica longe até da cabeça dos ocupantes mais altos, e, para a segunda fileira, a dose de espaço se repete. Como tem maior entre-eixos, graças a plataforma modular, o vão entre os bancos é generoso, acompanhando as enormes portas traseiras (maiores que as dianteiras). Os dois últimos bancos até acomodam dois adultos, isso se a segunda fileira “correr” um pouco mais para a frente, mas o fundão é mais indicado mesmo para as crianças. Até porque o entra e sai não é tão fácil, como de praxe nesses SUVs de sete lugares.  

Só é meio apertado, e difícil de entrar e sair, lá na terceira fileira, mas isso é normal nos SUVs (Foto: Lucca Mendonça)

Só é preciso lembrar que, se o Commander estiver “montado” para levar sete pessoas, não há muito porta-malas: sobram pouco mais de 230 litros, o suficiente para algumas sacolas de supermercado ou mochilas. Com os dois últimos bancos deitados, aí sim, o espaço para as bagagens fica enorme: 661 litros, quase o equivalente a dois porta-malas de alguns SUVs compactos por aí. Na prática, ou ele leva várias pessoas com poucas bagagens, ou muitas bagagens com menos pessoas.  

Como ficou mais de R$15 mil mais barato (ou melhor, menos caro) nessa linha 2025, enquanto recebeu novos equipamentos de série, o Commander Longitude segue com a ofensiva contra a concorrência nesse mundo de SUVs médios/grandes. Não é o mais bonito quando olhado por fora, porém é no interior, e no conteúdo de série, luxo e conforto, que ele acaba convencendo. Que venham os chineses, a Jeep parece estar pronta! 

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.332 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, comando de válvulas único no cabeçote, MultiAir, bloco e cabeçote em alumínio
Transmissão: automática de 6 velocidades, opção de trocas manuais na alavanca ou paddle-shifts
Potência: 180/185 cv a 5.750 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 27,5 mkgf a 1.750 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: independente, multilink, com barra estabilizadora
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Bridgestone Alenza 001, medidas 235/55 e rodas de liga-leve aro 18
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,77 m/1,86 m/1,68 m/2,79 m
Porta-malas: 661 litros (5 lugares)/233 litros (7 lugares)
Tanque de combustível: 61 litros
Peso em ordem de marcha: 1.675 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,4/9,5 segundos (gasolina/etanol)
Velocidade máxima: 200/202 km/h (gasolina/etanol)
Preço básico: R$217.290 (carro avaliado: R$225.990)

Itens de série:

Central Multimídia de 10,1″, Freios ABS, Acendimento automático dos faróis, Ajuste do volante em altura e profundidade, Alarme, Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, Aletas para trocas de marcha no volante (Borboletas), Apóia-braço central e porta objetos, Conexões Apple Carplay e Android Auto sem fio, Ar-condicionado dual zone e ajuste de intensidade para as fileiras traseiras, Aviso de colisão frontal com frenagem de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, Aviso de mudança de faixas, Banco do passageiro rebatível, Bancos revestidos parcialmente em couro, Bolsa porta objetos atrás dos bancos dianteiros, Câmera de estacionamento traseira, Central multimídia de 10,1″, Centralizador de faixa (Lane Centering), Chave de presença com telecomando para abertura de portas e vidros, Cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura, Computador de Bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso), Comutação automática dos faróis, Controle de Estabilidade (ESP), Controle de Tração (TC+), Controle eletrônico anticapotamento, Detector de fadiga do motorista, Direção elétrica progressiva, Faróis de neblina em LED, Faróis dianteiros Full LED, Freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold, Freios a disco nas 4 rodas, Ganchos de fixação de carga no porta-malas, HSA (Hill Start Assist), Iluminação do porta-malas, Indicador de seta dinâmico, Isofix, Lanterna traseira em LED, Limpador e desembaçador do vidro traseiro, Luzes diurnas em LED, Modo Sport, Painel de instrumentos Digital HD de 10,25″, Piloto automático adaptativo, Porta objetos sob o assento do banco do passageiro, Portas USB nas três fileiras de assentos, Rack do teto com acabamento cromado, Reconhecimento de placas de trânsito, Remote start (partida remota do motor), Retrovisor interno eletrocrômico, Retrovisores externos com ajustes elétricos e rebatimento automático, Rodas de liga leve prateadas de 18″, 6 airbags, Sensor de chuva, Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Sistema de estacionamento semiautônomo (Park Assist), Sistema de monitoramento da pressão dos pneus, Sistema de navegação GPS, Sistema de som Premium Harman-Kardon de 450W (9 alto-falantes + subwoofer), Sistema Start&Stop, Travas elétricas nas portas e portamalas, portas USB Tipo C, Vidros elétricos nas 4 portas com função one touch, Volante com acabamento em couro, 2ª fileira de assentos reclináveis e com deslocamento sobre trilhos de 14 cm 

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.