(Avaliação) Novo Ford Territory Titanium: por que ele vende tão pouco?

A Ford fez um trabalho bacana nessa nova geração do Territory: manteve todas as qualidades do carro anterior, corrigindo seus problemas de fraco desempenho e alto consumo. Graças a nova plataforma, conseguiu ainda uma carroceria maior, mais espaçosa e com porta-malas crescido. Tudo perfeito, sem contar que, hoje, ele tem um dos preços mais atraentes dentre os SUVs médios topo de linha: R$210 mil, valor da versão única Titanium, que só é mais cara que a Pro Max Drive do Caoa-Chery Tiggo 7 (R$170 mil), e fica em pé de guerra com a Highline do VW Taos e a XRX Hybrid do Toyota Corolla Cross, ambas de R$211 mil. 

Em contrapartida, não é um carro que emplaca por aqui: raridade nas ruas, ele é integrante do pelotão do fundo no ranking de vendas de SUVs médios. Nos quatro primeiros meses do ano, segundo a Fenabrave, não foram mais que 1.614 unidades comercializadas, sendo 431 delas só em abril. Para efeito de comparação, no mesmo quadrimestre, o queridinho Jeep Compass vendeu quase dez vezes mais, enquanto o rival da Toyota teve mais de 13 mil carros comercializados. Faltam mais versões? Divulgação? Promoções? Ou será injustiça? Fica a dúvida…

Mas o fato é que o Territory melhorou bastante com a chegada dessa nova geração, que, aliás, continua importada da China e bebendo só gasolina. Ele abandonou aquelas linhas mais genéricas em prol do visual típico da marca do Oval Azul, não tem mais aquela carroceria “quadrada” (pouco comprimento pra bastante largura) e, na mecânica, tudo passou da água para o vinho, como merecia o conjunto. Quem te viu, quem te vê, hein? 

Segue nele o motor 1.5 16v turbo, com tecnologias bem-vindas como a injeção direta que garante melhor trabalho com a gasolina e o duplo comando variável, melhorando seu comportamento nos mais diferentes usos.  

O segredo foi a ampliação de potência e torque: hoje é um carro que rende 170 cv de potência com saudáveis 25,5 mkgf de torque, números ideais para o segmento, administrados por uma competente, e muito rápida, transmissão automatizada de dupla embreagem com sete velocidades.  

O carro anterior até podia ser mais leve, porém a lerda e escorregadia caixa CVT, somada aos números inferiores do 1.5 turbo, complicavam todo o seu desempenho: patinava muito nas arrancadas, e faltava fôlego para ultrapassar ou retomar o ritmo nas maiores velocidades. Não por acaso, exigindo muito do conjunto, suas médias de consumo eram altas, e a gasolina ia embora rapidamente do pequeno tanque de 52 litros: bebia muito e precisava de várias paradas para reabastecer.  

Não é exagero dizer que ele renasceu com o novo conjunto. A caixa automatizada é bastante adiantada nas passagens: numa aceleração contínua, quase nunca vai além dos 2 mil giros até trocar para a marcha seguinte, que já está “a ponto de bala” para entrar em ação, graças as duas embreagens, uma para marchas pares e outra para ímpares. Isso significa também reduções extremamente rápidas, ou seja, uma performance muito superior ao de seu antecessor, e tão boa quanto a dos rivais.  

De fato, o 1.5 turbo tem torque prematuro, a apenas 1.500 giros, e opta pela força crescente até mais que 3.500 rpm, comportamento ideal para o uso urbano e rodoviário. Desde as arrancadas numa saída de semáforo, até ultrapassagens nas rodovias, tudo está mais fácil, tranquilo e seguro, mesmo com três ou mais a bordo. O modo mais utilizado durante os 600 km de testes com o SUV foi o Eco, focado no baixo consumo, porém é nítido que ele dá conta do recado no uso comum. Normal e Sport, que elevam o consumo e deixam o conjunto até mais áspero, são mais indicados para emergências ou mais diversão ao volante. 

Tal comportamento, do câmbio ágil e do motor responsivo, até faz esquecer o fato que ele não tem um modo manual para as trocas de marchas, e que, mesmo no Eco, o conjunto poderia ficar mais manso para poupar mais combustível. Porém, se comparada a antiga geração, essa bebe bem menos: conseguimos registrar 14,5 km/l de gasolina na estrada a 110 km/h (com a anterior, era difícil ir além dos 11,5), o que se traduz em cerca de 870 km de autonomia por tanque (antes não chegava a 600). No uso urbano, mantendo o esperto Start&Stop ligado, foi possível passar dos 10,0 km/l, outro avanço do novo carro.  

E todo aquele conforto, silêncio e suavidade de antes, continuam: esses são três pilares do Territory, quer seja da primeira ou dessa segunda geração. Mas, antes, molas e amortecedores eram macios a ponto de não garantirem a melhor dinâmica do segmento (inclinava e rolava mais nas curvas). Agora o conjunto consegue conciliar de forma muito mais competente a maciez ao rodar com o comportamento da carroceria. É possível contornar curvas rápidas e fazer desvios bruscos de trajetória com muito mais segurança. Também não há o que reclamar do seu comportamento na buraqueira: absorve quase tudo, para a alegria dos ocupantes, e sem reclamar. Bingo!

Ficaram para trás também aqueles comportamentos muito molengas e o baixo peso da direção nas maiores velocidades, já que hoje ela é macia para manobrar e endurece conforme o carro desenvolve, como deve ser. Além dos quatro freios a disco com atuação precisa e eficiente, característica que o Ford já trouxe da primeira geração, continua surpreendendo o quão silencioso e quieto esse SUV é: o motor vibra o mínimo e, por si só, já faz pouco barulho, assim como a transmissão e suspensões, mas o capricho nas mantas de isolamento acústico fica nítido pelo quanto ele estanca da barulheira do trânsito do lado de fora. De fato, é uma qualidade quase imbatível do Territory: é muito silencioso.  

Por dentro, tudo é novo, mais moderno e espaçoso. Os bancos dianteiros com ajustes elétricos são extremamente confortáveis e ergonômicos (agora com as devidas abas laterais, como faltava no anterior), há teto alto com vidro panorâmico (garante maior sensação de amplitude ao espaço), enormes janelas (mesma função, e ainda ajudam nas manobras junto dos retrovisores externos gigantes) e soluções bem-vindas como console central de dois andares e muitos porta-trecos pela cabine, mais prático.  

Na segunda fileira, com bancos também azulados (à lá Mercedes dos anos 90, charmosos) e o mesmo acabamento primoroso da dianteira (pouquíssimo plástico duro, e vários apliques cromados ou imitando madeira, com bom gosto), o aperto é pequeno até para três adultos, que conseguem se movimentar graças ao assoalho plano e contam com saídas de ar-condicionado próprias. Pena que ali só exista uma porta USB, própria para carregar dispositivos, e que as portas traseiras não tenham o melhor ângulo de abertura. O oposto da tampa do porta-malas, que se abre e fecha eletricamente, e é enorme, facilitando que até objetos grandes entram e saiam do compartimento de pouco menos de 450 litros. 

Com tudo isso, mais as tecnologias de série, como os bancos com aquecimento e ventilação ou o piloto automático adaptativo (ACC), a vida a bordo do Territory se torna muito mais fácil. Perfeita? Nem tanto, afinal há o que melhorar, como a multimídia que fica meio recuada e distante do motorista, alguns controles do carro que são pouco intuitivos, e um sistema de som com oito alto-falantes que não é tão bom como deveria. Ainda assim, para um utilitário familiar, ele tem quase tudo que se espera. Entrega a maioria daquilo que promete no assunto de segurança, conforto, silêncio, praticidade, espaço interno e conteúdo de série. Só precisa embalar nas vendas…

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Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.490 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco em ferro fundido e cabeçote em alumínio
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com 7 marchas
Potência: 169 cv a 5.500 rpm
Torque: 25,5 mkgf entre 1.500 e 3.500 rpm
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: independente, multilink, com barra estabilizadora
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus e rodas: Goodyear Efficientgrip Performance SUV, medidas 235/50 e rodas de liga-leve aro 19
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,63 m/1,93 m/1,71 m/2,73 m
Porta-malas: 448 litros
Tanque de combustível: 60 litros
Peso em ordem de marcha: 1.705 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,3 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h (limitada eletronicamente)
Preço básico: R$209.990 (cor metálica inclusa)

Itens de série:

Ar-Condicionado automático digital dual zone com saída de ar para os bancos traseiros, Carregador de celular por indução, Central multimídia com tela digital de 12.3” sensível ao toque compatível com Android Auto e Apple Car Play sem fio, comando de voz, Bluetooth e USB, Chave Com Sensor de Presença, Computador de bordo, Freio de estacionamento elétrico com função Audo Hold, Sensor de chuva, Painel de Instrumentos digital com tela HD de 12.3”, 4 modos de condução: Normal, Eco, Esportivo, Serra/Colina, Porta-Malas elétrico com função “mãos livres”, Saídas USB frontais (Tipo A e C) e traseira (Tipo A), Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Sistema de áudio com comandos no volante e 8 alto-falantes, Sistema de partida sem chave “Ford Power” (Start/Stop), Espelhos retrovisores externos elétricos e rebatíveis eletronicamente, Luzes de boas-vindas nos espelhos, Faróis com tecnologia Full LED e nivelamento automático, Faróis de neblina dianteiros e traseiros em LED, Lanternas traseiras em LED, Luzes de condução diurna em LED (DRL), Maçanetas na cor do veículo, Rack de teto longitudinais, Rodas de liga leve de 19”, Teto solar panorâmico elétrico, Ajuste manual do volante em 4 posições, Alças de apoio de Teto (traseiras e frontal), Assentos dianteiros ventilados, Banco do motorista com ajuste elétrico de 10 posições, Banco do passageiro com ajuste elétrico de 4 posições, Bancos com acabamento premium em dois tons, Bancos traseiros bipartidos e rebatíveis 60/40, Bancos traseiros com apoio de braço central e porta copos integrado, Console central com porta objetos e descansa braço, Fechamento Global de Portas, Vidros e Teto Solar, Luz ambiente em LED, Luzes de leitura na segunda fileira, Para-sol com espelho de cortesia e luzes (motorista / passageiro), Vidros elétricos com abertura e fechamento com um toque para cima/baixo, Volante em couro com comandos de áudio e voz, Acendimento automático dos faróis, 6 Airbags, Alarme perimétrico, Alerta de cinto de segurança (motorista e passageiros), Alerta de Colisão e Frenagem Autônoma de Emergência (AEB), Alerta de Saída e Permanência em Faixa (LDA), Assistente de Descida (HDC), Assistente de Partida em Rampa (HLA), Câmera 360° com visão 3D, Cintos de segurança dianteiros de 3 pontos com ajuste de altura e pré-tensores, Cintos de segurança traseiros de 3 pontos, Controle Eletrônico de Estabilidade (ESP) e Tração (TCS), Direção elétrica (EPAS), Espelho retrovisor interno eletrocrômico, Farol alto automático, Fixações ISOFIX® para cadeiras de criança nos bancos traseiros, Freios ABS com distribuição eletrônica (EBD), Monitoramento da Pressão dos Pneus (TPMS), Monitoramento de ponto cego (BLIS) com alerta de tráfego cruzado traseiro, Piloto automático adaptativo com sistema “Stop & Go”, Sistema de estacionamento automático 

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.