Série especial: um negócio também especial? Analisamos o que está no mercado

Séries especiais no mundo automotivo não são novidade alguma: há 50 anos, marcas como VW e Chevrolet já traziam as tais edições limitadas para suas linhas, quase sempre com os mesmos objetivos. Queriam fazer um “teste de mercado”, para saber se uma nova configuração teria aceitação em grande produção, simplesmente homenageavam algo com a tal série especial, ou pretendiam embalar as vendas do tal carro apostando no custo X benefício. No geral, até hoje essas premissas seguem iguais, mas será que comprar uma série especial em pleno 2024 ainda vale a pena? Vamos dar uma olhada no que há por aí… 

As séries especiais não são novidade alguma: já existem há décadas no mundo automotivo (Foto: VW/divulgação)

A Audi oferece seu SUV compacto-médio Q3 na série Anniversary Edition, lançada no final do ano passado comemorando o primeiro ano cheio do retorno de produção na fábrica de São José dos Pinhais (PR). Como de praxe na marca alemã, que adora brindar o mercado brasileiro com séries especiais e edições limitadas, o Q3 Anniversary não passa de 100 carros produzidos (50 na carroceria SUV convencional e 50 na coupé Sportback). O preço é de R$373 mil pela carroceria SUV, ou R$393 mil pela Sportback. Isso significa um aumento de R$20 mil sobre o que é cobrado pela versão topo de linha Performance Black de cada uma.  

Foto: Audi/divulgação

Em compensação, a série traz rodas aro 20, apliques pintados na cor da carroceria e emblemas escurecidos. Há um recheio extra nos equipamentos de série (terceira zona do ar digital automático, luzes ambientes em LED e monitor de ponto-cego), enquanto segue o trem de força composto pelo motor 2.0 16v turbo EA-888 de 230 cv de potência e 35 mkgf de torque, aliado ao câmbio automático de oito marchas e a tração integral Quattro. Pelo nível de exclusividade, e a adição bem-vinda no conteúdo de série, os R$20 mil extras, a série é uma daquelas que parece cair bem. Ao menos, a diferença de preço “paga” seus luxos a mais. 

Foto: Audi/divulgação

Outro que ainda mantém uma série especial lançada em 2023 é o Citroën C4 Cactus. A edição, chamada de Noir e limitada a 1.300 carros, é uma alternativa a versão topo de linha Shine THP, porém com visual mais urbano e discreto, que lhe dá direito as rodas aro 17 escurecidas, a troca de alguns cromados por preto brilhante, adesivos alusivos pela carroceria e um interior que segue a mesma linha: tapetes, bancos e painel com apliques escuros e o nome da versão estampado. Para não falar que Shine e Noir tem o mesmo preço, a série especial custa R$1 mil a menos: R$140.990 (preço cheio, ou R$10 mil a menos se for adquirido pelo site da marca).  

Foto: Citroën/divulgação

A motorização é interessante: o propulsor 1.6 16v THP, turbo e com injeção direta está lá, junto dos seus 173 cv de potência com 24,5 mkgf de torque (etanol), transmissão automática de seis marchas e sistema Grip Control, que adapta os controles de estabilidade e tração para os mais diferentes pisos em que o Cactus estiver atravessando. Se vale a pena? Para quem quer um C4 desses com o máximo de equipamentos possível, motor turbo e prefere um carro mais discreto e esportivo, a Noir tende a ser um bom negócio dentro da Citroën. O único detalhe é que são carros fabricados em 2023, como linha 2024. 

Foto: Citroën/divulgação

A mais recente série especial lançada no mercado nacional é da Ram Rampage: Night Edition, que debutou há menos de 1 mês seguindo os passos das maiores 1500, 2500 e 3500. É outra que, como o nome sugere, segue o visual escurecido, mais noturno e discreto, embora a fabricante não tenha divulgado quantas delas serão produzidas, e nem por quanto tempo. Por fora, todos os seus detalhes antes cromados ou prateados ganham pintura em preto brilhante (os emblemas são cinzas escuros), assim como o interior (bancos, painel, volante e laterias de portas pretos).  

Foto: Ram/divulgação

Seu preço de R$278 mil é R$5 mil mais caro do que é cobrado pela versão Laramie, sua equivalente, e a edição tem até um pacote opcional por outros R$6 mil. De série, o poderoso motor 2.0 16v turbo a gasolina com 272 cv de potência e quase 41 mkgf de torque, transmissão automática de nove velocidades e tração 4×4. Diferente do que fez a Citroën, dando a opção de o consumidor escolher o carro “cromado” ou o “escurecido” pelo mesmo preço, a Ram quer cobrar a mais de quem optar pela versão discreta, ainda que a versão seguinte, R/T, custe R$12 mil a mais. Uma grife cara, e, consequentemente, não tão interessante, a não ser que a emoção de ter uma Ram Rampage inteira preta fale mais alto. 

Foto: Ram/divulgação

A Mitsubishi adora séries especiais, e as usa para embalar as vendas de vez em quando. Por isso, hoje conta com nada menos que três edições limitadas em sua gama: Rush, do Eclipse Cross, e Terra ou Urban, da picape L200. O Eclipse Cross Rush, que existe desde janeiro, é uma série especial que atua como porta de entrada na linha do SUV médio. Custa R$165 mil, traz apenas tração dianteira e é limitada em 150 unidades, com aspecto urbano graças a dianteira em cinza metálico e preto brilhante, além de elementos na cor da carroceria, como os arcos das caixas de rodas. O interior segue uma receita similar. Nesse caso, a série é baseada na extinta versão GLS, porém com diferenciais estéticos. 

Foto: Mitsubishi/divulgação

Considerando que ela veio no lugar de uma versão já existente, há chances de a tal edição limitada se tornar permanente, talvez apenas com outro nome. Ao menos, permanece o motor 1.5 16v turbo de até 165 cv e 25,5 mkgf, e a transmissão automática tipo CVT que simula oito marchas. A opção seguinte na linha Eclipse Cross é a HPE, só que o consumidor precisa desembolsar mais R$21 mil para levá-la para casa, claro que com mais equipamentos de série. Ao menos dentro da linha Mitsubishi, a Rush ocupa um espaço interessante, que combate rivais de peso como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross mais baratos.  

Foto: Mitsubishi/divulgação

Já no mundo das picapes da fabricante japonesa, exitem L200 Urban e L200 Terra, cada uma com 200 unidades produzidas. Como o próprio nome sugere, a primeira, de R$310 mil, é focada no uso dentro das cidades, e por isso troca adereços off-road por itens práticos, como a caçamba com capota elétrica ou a cabine em couro preto. É a segunda mais cara dentro da linha, perdendo apenas para…a Terra, a outra edição, que soma R$10 mil ao preço da Urban (R$320 mil no total). Essa, com partes da carroceria pintadas de marrom, rodas diamantadas da Pajero, detalhes cromados e interior em couro de dois tons, é a “caipira de luxo” da família, voltada para o uso em fazendas, sítios e por aí vai.  

Nas duas vai o 2.4 turbodiesel de quatro cilindros com 190 cv de potência e 44 mkgf de torque, junto das seis marchas automáticas da transmissão e da tração 4×4 com reduzida num pacote único. Com propostas únicas, e bastante conteúdo de série para (tentar) justificar os preços mais altos da linha, L200 Urban e Terra sofrem com o contraponto de outras versões bem mais em conta na linha L200, claro que também menos equipadas, a exemplo da Outdoor de R$245,5 mil, HPE de R$280 mil e HPE-S de R$300 mil. 

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.